Sete Cidades

Conhecimentos gerais sobre Sete Cidades;

Localizado a cerca de 18km do município de Piracuruca, é com certeza um dos orgulhos do povo da cidade, mas que infelizmente, ainda, depois de tanto tempo, não foi devidamente reconhecido como tal.
É de uma beleza exuberante, suas várias formações rochosas de diversos nomes, tamanhos e formas, algumas muito altas, lembram castelos, edifícios, muralhas, pessoas, animais, mapas e objetos, é um mundo em pedras, além de maravilhosos banhos (riachos, piscinas naturais) e uma linda cachoeira, pode-se encontrar também uma grande variedade de animais silvestres e inscrições rupestres de origem desconhecida.
Existem vários mistérios, lendas, histórias relacionadas às “Sete Cidades de Pedra” – nome esse dado devido à divisão do parque em sete grandes praças imaginárias – Muitos são os historiadores, pesquisadores e turistas que ao longo do tempo visitaram o parque e teceram seus próprios comentários a respeito do que viram.
O certo é que só em adentrar nos limites do parque sente-se um ar de mistério e admiração.
É possível encontrar uma grande variedade de peças artesanais feitas por artesãos locais, essas peças são comercializadas em pequenas barracas e quiosques no interior do parque, muitos são os visitantes que as adquirem como forma de levar uma recordação.
Primeiro centro intelectual dos povos tupis, local de passagem dos povos fenícios, cidade encantada, uma civilização destruída comparada a Sadoma e Gomorra, aniquilada pelo fogo do céu, camadas de geleiras, antigo golfo marítimo visitado pelos navegadores vikings, e muitas outras suposições e lendas criadas pelos antigos, estudiosos e pesquisadores que visitaram e visitam o local fazem desse lugar um berço de mistério sem que nenhum deles tenha a precisa definição do que realmente está comentando.

Arcabouço Geolóico
Geologicamente, o Parque de Sete Cidades está localizado na bacia sedimentar do Parnaíba, uma das maiores bacias intracratônicas brasileiras, com 600.000 km2 de área. Esta bacia compreende uma pilha sedimentar que pertence majoritariamente ao Paleozóico, começando pelo Siluriano.
As rochas do Devoniano incluem as formações Pimenteira, Itaim e Cabeças. De acordo com o mapa de isólitas de arenito (Figura 3) da Formação Cabeças (Della Fávera, 1990), o parque está situado no flanco sul de uma cunha sedimentar arenosa, que vem de nordeste, no topo de uma seção datada como Neodevoniano (Fameniano). Segundo Caputo (1985), houve um evento glacial, reconhecido por diamictitos e pavimentos estriados, nesta seção e também na superior, pertencente à Formação Longá. Desta maneira, a área do parque é presumivelmente constituída por um tipo de sedimento periglacial.
Sucessões verticais de fácies na área mostram sedimentos fluviais a deltaicos. A maior parte das sucessões são do tipo granodecrescente ascendente (fining upwards), como a que aparece na “biblioteca”(segunda cidade). Neste local, as porções basais são de arenito médio com estratificação cruzada acanalada. Segundo Fortes (1996), os canais correm numa direção que vai de sudeste para noroeste, a qual é a direção dominante de transporte na bacia. Na área dos “canhões” (primeira cidade), conglomerados seixosos, em estrutura acanalada, podem ser vistos na base de uma sucessão granodecrescente ascendente. Outras estruturas incluem a estratificação sigmoidal e climbing ripples, bem como silte apresentando laminação paralela.

Histórico
A primeira referência histórica oficial de Sete Cidades é a comunicação feita pelo Conselheiro Tristão de Alencar Araripe ao Instituto Histórico e Geográfico, denominada de “Cidades Petrificadas e Inscrições Litográficas no Brasil”, em 9 de dezembro de 1886. A primeira descrição de Sete Cidades foi feita pela Câmara Municipal de Piracuruca numa comunicação àquele Instituto em 1897.
Em 1928, o historiador austríaco Ludwig Schwennhagen visitou Sete Cidades e descreveu-as como ruínas de uma cidade fenícia, fundada há 3 mil anos atrás. Nos anos 60, Erich von Däniken, no seu famoso livro “Eram os Deuses Astronautas ?” descreveu Sete Cidades como uma evidência da presença da inteligência extraterrestre na Terra. . Posteriormente, em 1974, o francês Jacques de Mahieu, considerou Sete Cidades como um estabelecimento fundado por vikings.

O pesquisador piauiense Reinaldo Coutinho (Coutinho, 1997) analisa a história da descoberta de Sete Cidades, bem como trata das diversas teorias sobre o significado das cidades de Pedra e suas inscrições.
O parque foi oficialmente criado pelo Decreto Federal no 50.744 em oito de junho de 1961.

Descrição das “Cidades”
Sete Cidades foi dividida em sete diferentes associações de afloramentos, denominadas de cidades (Figura 2)

Primeira Cidade
A primeira cidade é caracterizada por feições diagenéticas conhecidas como “canhões”, que são estruturas tubulares de arenitos ferrificados. Este produto diagenético é também conhecido como “rolos” ou anéis de Liesegang e consistem da migração do tipo cromatográfica de géis de hidroxido de ferro num meio permeável e anisotrópico, normalmente em arenitos fluidizados.
Os canhões estão dentro de depósitos fluviais caracterizados por um truncamento basal e por conglomerados com estratificação cruzada acanalada numa sucessão vertical granodecrescente ascendente. A erosão acentua estas formas, que se destacam da rocha encaixante sob a forma de canhões.

Segunda Cidade
Esta cidade é caracterizada por feições bastante interessantes. A primeira feição, que revela erosão alveolar, é chamada de “Arco do Triunfo”. A erosão alveolar é produzida por escultura de arenito homogêneo, dando origem a feições semelhantes à vulva, que passam posteriormente a arcos.
A partir do “Arco do Triunfo”, podem ser vistas inscrições pintadas em cor vermelha, bastante vívida, numa mistura de óxido de ferro, óleo vegetal ou sangue animal. Sugerem impressões de mãos e foram pintadas provavelmente por índios da tribo Tabajara. De acordo com a datação radiométrica por 14C, teriam 6.000 anos de idade.
A “biblioteca” é uma outra feição interessante. É constituída por uma superfície de erosão na base de um depósito de canal, formado por arenito médio com estratificação cruzada, a qual trunca arenitos finos e siltitos com estratificação plano-paralela. Esta estratificação plano-paralela lembra uma pilha de livros numa biblioteca. Vista do mirante, a estratificação plano-paralela é na realidade a porção distal de conjuntos de camadas com climbing ripples, que por sua vez constituem a frente de lobos sigmoidais (Della Fávera, 1984).

Terceira Cidade
Nesta cidade, várias feições ruiniformes podem ser vistas, como o Dedo de Deus, a Cabeça de Dom Pedro I e a Cabeça de Índio. A cabeça de Dom Pedro I  é novamente um contato erosional de uma feição do tipo fluvial, com areia média, com sedimentos mais finos.

Quarta Cidade
As feições características desta cidade são o “Archette”, onde sedimentos deformados pela ação de escape d’água e o “mapa do Brasil”, figura desenvolvida sobre uma erosão alveolar que lembra o contorno do território brasileiro, podem ser vistos. Estas duas feições são o resultado da erosão alveolar que gera cavernas e arcos. A estratificação convoluta e acamamento fortemente distorcido são muito comuns nesta localidade.

Quinta Cidade
Esta cidade é famosa por suas inscrições. Um desenho que é interpretado como definindo o ritual da caça e o destino final do homem tem servido como ícone para representar o Parque Nacional de Sete Cidades bem como seus municípios vizinhos. A interpretação mais corrente deste monumento é a seguinte: “o índio segue o caminho, persegue o animal, mata-o e oferece-o ao deus-sol”

Sexta Cidade
A tartaruga e o elefante são as feições mais conhecidas desta cidade. Ambas são formas cobertas por polígonos, em sua maioria pentagonais, que normalmente intrigam o geólogo tanto pela sua origem como pelo seu processo de formação.
Alguns geólogos acreditam que estes polígonos são uma herança de condições glaciais à época de deposição da areia. Fortes (1996) considera-as como fendas de contração, onde a água de chuva escavava polígonos escalonados. Na realidade, os polígonos são feições comuns em Sete Cidades e em outra localidade ruiniforme, os Alpes de Buriti, próximo a cidade de Picos, na porção centro leste da Bacia do Parnaíba.

Sétima Cidade
Nesta cidade, a erosão alveolar e feições poligonais, já referidas, são as principais atrações. A Gruta do Índio é um bom exemplo da erosão alveolar, coberta por polígonos.

Política de Conservação
Os principais objetivos de controle da área são (Medeiros, 1998)

Como tudo o que existe no Parque pertence à comunidade, os visitantes não podem jogar lixos nas trilhas, estradas, mirantes e lugares de piquenique; estão proibidos de poluir e estragar solos e riachos; de arrancar plantas ou quebrar seus galhos; de fazer fogueiras ou acender velas para cultos religiosos fora dos lugares apropriados; de caçar ou perseguir os animais do parque; de fazer barulho excessivo, seja aos gritos ou ligar rádios e similares com volume alto; e de quebrar ou arrancar placas de sinalização.